Bianca Noite
Sou tão feliz quanto poderia ser triste
E de tão feliz, que esta me esconde e mente
Sou todos os dias anestesiada por esse amor
E esse amor mente-me e diz, acabou-se a dor
Mas eu, bem no fundo, sei que não
Sei que nas noites mais negras e escuras
Quando a paixão se acalma, e vem a solidão
Assombrar-me-ão essas dores esquecidas
Não haverá lagrimas, não haverá gemidos
Somente a ausência de luz e o silencio
Adormecerei então embalada pelos pesadelos
Acordarei mais tarde, de novo para um sonho
Beijar-me-às a testa e a boca, voltará a paixão
Serei então eu, feliz, levando a mim e a ti pela mão
Bianca Noite
És o ar que me passa pelos pulmões
Que me alimenta o sangue,
Esse que me pulsa nas veias
E que leva ás minhas pulsações
E sabe tão bem o teu toque
Sabem tão bem as tuas caricias
Devolves-te-me o que achava perdido
Fizes-te das minhas trevas, um paraiso
O meu cavaleiro negro, o meu, só meu
Envolveste-me numas doces brumas
Essas que dão uso á minha luz
Não passas tu sem a minha luz,
Como eu sem essas trevas
Que belo sonho este, que é tão meu e teu
Bianca Noite
Hoje sou o vento quente que acarinha as folhas, sou eu aquela brisa quente, que a todos toca que a todos acarinha, sou paz, sou felicidade, sou uma criança perdida no meu próprio mundo.
Não me canso de amar tudo, não me canso de aproveitar, não me canso de viver nem por um segundo.
Sou a luz da lua que brilha por entre as ondas brandas de uma noite de Verão, cintilando tenuemente entre a escuridão do mundo, conjuntamente com todas as outras luzes. Sou-o porque o quero ser, porque o sinto nas veias, porque me amo, e por isso amo o mundo em meu redor. Nada importa nada interessa, somente eu, somente o mundo. Somente aqueles pequenos momentos que a vida nos dá para ver, para viver, somente os detalhes, as cores cintilantes provenientes de um candeeiro de rua. A vibração do verde nas folhas ao sol, o azul ciano brilhante do céu, a noite escura e todas as suas estrelas.
Tudo isto, todo este conjunto inspira-me. eleva-me, acalma-me e fascina-me.
Hoje sou feliz.
Bianca Noite
Brilhante, encontro-me brilhante perante os meus iguais,
Sem medo de nada, sou extremamente abençoada
O mundo caminha e eu brilho entre os demais
Porque sou feliz, tão feliz, tenho o mundo, tenho a alma
Vivo assim, vivendo como quem ama
Amando tudo, de igual forma, com a minha calorosa intensidade,
Sou feliz, O Verão chama por mim como o seu derradeiro apelo
O calor, o sol, a luz, toma conta de mim, partilha comigo a sua amizade
E eu? Eu salto e riu, porque não há melhor para fazer, que momento belo
Estou em mim outra vez, intensa e bela, derradeira e forte
Uma borboleta rara, um pássaro que voa alto
Sou a pura sorte, O gargalhar que já não chora
Sou um sorriso só, A pura felicidade que de nós anda tão perto
Sou eu só eu, com o meu brilho sublime
Riu, canto e danço, tentando nisto para sempre perder-me
Bianca Noite
É tão bom sentir-me viva de novo
Caminhar sem medo de cair
Andar livre, caminhar e sentir
Não me preocupar, amar-me por fim
Paro de sonhar, de divagar
Quero sugar tudo o que a vida me tem para dar
Viver aquilo que me aparece,
Colher somente o que me apetece
Viver para mim, perder-me assim
Amando o mundo, respeitando-o
Caminhando cantando, sonhando-o
Gritar sem medo de o fazer por fim
Rir até não mais poder, viver a liberdade
Sem me comprometer, sem sentir nenhuma saudade
Bianca Noite
Vou relendo os meus poemas como uma história...
Mil e uma emoções, feitos, atitudes,
Tristeza, felicidade, amor, loucura,
Tudo o que sou, o que fui o que senti, o que escrevi
Todos os pormenores de um ser, uma personalidade descrita
O véu negro que me cobriu durante tanto tempo,
A luz que me entrou pela janela,
Uma pequena vida.
E hoje, sou plena
Com a espada pousada
Atravessando a minha cruzada
Aprendendo a lutar por outras causas, na paz, na calma
Nunca fui tão feliz, nunca fui tão estável
Sou inundada por um sentimento tão doce, tão forte
Que cresce a cada dia, como se não houvesse limite,
Que me está tão entranhado na alma,
Que parece que sempre esteve ali...
Sinto-me tão abençoada,
Como pela sorte acarinhada
E fui, como fui...
Somos todos enormes de espírito,
Mas ninguém o vê, ninguém o sente, ninguém o quer...
Pobres almas perdidas que não sabem o que estão a perder
Bianca Noite
Vivo neste doce encantamento
Nesta outra vida, que pensei nunca vir a ser minha
Neste outro mundo, em que muitos querem viver
Aproveitando tudo, cada momento
Temendo voltar a ser sozinha
Desejando para toda a eternidade te ter...
Tu que me alegras quando estou triste,
Que me acalmas
Que me agarras
E me beijas, tornas tão fabuloso amar-te
Tu que eu admiro,
Tu que eu respeito,
Tu que eu amo
Completas-me em todas as maneiras
És quem me faz sorrir, quem me impede de chorar
Tu és aquele que quebrou todas as minhas barreiras
O único que me ensinou o que era amar...
Bianca Noite
Quantas pessoas podem dizer:
Eu cabecei-o em todas as portas,
Encalho em todas as quinas,
Tropeço em todas as pedras,
Caio em todas as partidas,
Apanho duches de pneus de carros,
Deixo as chaves dentro de casa,
Derramo tudo,
Tudo me salta das mãos,
Faço pinturas não propositadas nas roupas,
Quase que incendio a casa,
Perco tudo o que são transportes publicos...
Tenho de ir para longe, quando amo e sou amada...
Mas digo, sou a rapariga mais abençoada.
Bianca Noite
E de vez largo o negro, como um véu que cobriu a minha vida...
Mas não mais!
Quero tudo o que o mundo tem de bom
Quero viver cada gota alguma vez sentida
Quero sentir cada rajada, ouvir cada som
Quero ser mais do que alguma vez fui
E deixem-me hoje largar os meus fantasmas
Deixem-me hoje abusar de todas as palavras
Deixem-me hoje ser livre!
Livre... livre como um pássaro que voa!
Livre na simplicidade de se ser livre
Da invisibilidade que é ser livre...
E hoje é melhor ainda do que ser simplesmente livre
Hoje estou livre de mim!
Do meu salão escuro, das minhas mágoas
De todos os cacos todas as lágrimas
Hoje quero tudo isso fora, por fim!
Hoje não tenho medos, aborrece-me tê-los, mandai-os fora!
Hoje sou a minha própria aurora!
E tu, tu que me fazes brilhar,
Que me livras-te de mim
Que me amas e me fazes amar
Obrigada
Bianca Noite
A nossa vida tem destes pequenos detalhes,
Os detalhes simples de existir, de viver
Percamos as horas os minutos, os segundos
Que o mundo nos fuja das mãos, Te-los-emos sempre
Aquela pedrinha bonita no chão,
O vento que nos passa pelos cabelos
Os detalhes da mais pequena existencia...
Depois chegam-nos outros detalhes, detalhes de pessoas
Pequenos gestos e caricias, um piscar de olho,
Uma caracteristica chamativa, uma marca de diferença
Lembranças que causam saudade, outras descrença
Ou aquela pessoa estranha, e no banco aquele velho
A folha que cai, um olhar que nos sobressai, uma pessoa brilhante
E assim apareces tu, em mim, inundando-me a mente...
Mil e um detalhes por decorar, mil e uma maneiras para estudar
E lá estás tu também a olhar-me...
E ai pergunto-me que te estará a passar pela cabeça...
Se me estudas da mesma forma, ou apenas admiras algo que nem eu vejo...
E nessa duvida fico analisando, pensando, existindo...
Quando dou por mim, passou todo o tempo do mundo,
Mas nada foi perdido, tudo ganho, mais uma espressão, mais um olhar
E me perco outra vez neste doce amar...