Bianca Noite
Um belo caminho que me leva a lado nenhum
Ou levaria se o seguisse, se o pisa-se, se o percorre-se
Mas eu quero percorre-lo, passo a passo, saborear cada um
E os conselhos atormentam-me, mas é como que me esquece-se
Começo mesmo a andar, mesmo a caminhar
Penso em tudo, e no fim, bem no fim
Sei que o vou caminhar, porque não me interessa aqui ficar
Pois mesmo assim, lado nenhum, há de ser algum lugar
Bom ou mau, quero vê-lo descobri-lo decifra-lo
E depois? Depois é futuro e lá logo me chateio
Bianca Noite
Somente o silencio me acompanha
Como uma paz sem o ser
Não só a alegria me estranha
Mas a tristeza já não tem porque aparecer
E o silencio acompanha-me
A par com o meu vazio, compreende-me
E eu, eu caminho apática
Mil e uma pessoas, mil e uma aventuras
E eu não quero nada, somente o silencio
Caminhar por mil e um caminhos, pequenas ruas
E na pele sentir o calor e o frio
Fazer tudo, atingir a sobrenatural calma
No entanto nada me olha, nada me chama
E eu, eu caminho apática
Os sonhos deixaram de existir
Mas não lhes sinto a falta
Agora caminho observando, sem nada sentir
Mas não necessito, nem disto fico farta
Sou somente o que era suposto ser
E até ao dia que morrer
Eu, eu caminho apática
Bianca Noite
Começo de novo o rumo de sempre
Aquele que sempre começo e nunca acabo
Aquele que volto atrás porque acho que não consigo
Aquele cheio de hesitações, de preguiça
Acomodações!
Mas hoje quero ser melhor,
Mesmo que já seja noite, quero tentar
Não quero ceder ao faço amanha, não hoje
Hoje... que palavra abrangente, hoje não
Agora, Neste momento, neste preciso milésimo de segundo!
Que seja inverno, que chova, que neve,
Que venha a maior tempestade, o maior vendaval
Estou farta de nadar na minha própria miséria.
Não tento porque posso falhar... pobre idiota
Morte a essa saga! A esses pensamentos medíocres!
Neste momento largo este cadáver de cobardia
Porque ter medo de viver, de arriscar, de perder
Não só nos priva do que é bom, como ainda
Nos consome por dentro.
Que tudo isso desapareça, e que dê lugar a mim.
Bianca Noite
Cá ando, dia após dia, noite após noite
Vivendo um mar de emoções,
Cansada do que foi perder-te
Talvez já não há choros,
Secam-me as lágrimas aos poucos
Mas procuro-te todos os dias
Vejo-te mil vezes mais
Pergunto-me o que dizer querias
Invento momentos inrreais,
Imagino, o que não pode ser...
E no fim... no fim não há nada
Por muito que espere, não te vejo
Por muito que desespere, não tenho o que desejo
Peço, imploro aos céus, só um olhar só mais um
Nada, e assim pereço
Não me riu da mesma maneira,
Não sou nada do que era
Perco-me mil vezes, para voltar a ser eu
Mas de cada vez sou menos,
Os outros perco-os aos poucos
Cada vez tou mais preocupada
E cada vez mais perdida...
Ninguém me pode ajudar
E eu, sinto-me fraquejar...
E cá caminho, sem vontade de caminhar
Com a minha cabeça a pregar-me partidas
A tentar estancar as minhas feridas,
Apenas para poder voltar a viver, voltar a sonhar...