Bianca Noite
Olho-te, o meu coração pára por um momento,
O tempo deixa de ser tempo, os teus olhos
Gigantes castanhos prendem-me, estás perto
Sinto a tua respiração, disparam-me os sentidos
A tua mão pega-me cuidadosamente na face
Os meus lábios abrem-se num sorriso leve
Tu aproximas-te, os teus lábios tocam-me
Na bochecha, timidamente
Carinhosamente, eu beijo-te
E o tempo pára, o mundo pára,
O meu coração dispára
A pele arrepia-se, transformo-me em calor
Desejo, Um carinho, verdadeiro amor
Sinto cada toque cada carícia
Puxas-me para ti pela anca
Passo a mão nos teus cabelos,
Que isto não páre nunca!
Fogo, Desejo, Amor,
Tornamo-nos.
Bianca Noite
Amo-te tanto, E sei também que não devia
Não devia amar-te assim, não devia perdoar-te assim
Não devia pensar sequer em ti, relembrar-te muito menos
Mas assombra-me tudo isso que eu queria
Estou perdida, sinto-me sem vontade e sem fim
Nem pensas em mim, e tu até estás nos meus sonhos...
A raiva que me jorra no peito, não é mais que mágoa
Revolta porque me iludis-te até ao fundo, até ao ermo
Tenho-me a mim, a minha mísera vida, e mais nada
Sou a pobre coitada porque me tomas, isso mesmo
Sim sou isso, arrogante e insegura, até ao âmago
O fel que se instalou na minha garganta não mente
Sou perversa, louca, mas humana, e demasiado crente
Terei que pagar por querer na minha vida um pouco de luz?
E vou pagando, como pago, pago com sangue, carne e osso
Que mais tenho eu para além disso? A beleza do mundo que me seduz?
Pago também, deixando de a ver, Tudo isto é demasiado precioso
Para mim, pelo menos para mim. E desafio, o resto
Será por isso? Com certeza, com certeza que nem presto.
E nem sei, pobre de mim, sou cega
E continuo a amar-te, amar-te cegamente
Nem quero ir, nem penso que já chega
Apenas sonho ter-te para sempre
Que voltes, amando-me, como talvez nunca o tenhas feito
Salvando-me desta dor que me consome, um acaso perfeito
Mas nada, continuo a pagar com o que sou por ti
Amando-te demais para suportar não te odiar
E espero, como uma devota, ansiosa, aqui
Sei que não virás, isto mata-me, sou louca por aqui continuar.
Mas temo a ideia de não te voltar a tocar
Quando ela me alcança, berro, enlouqueço, arranho-me, mato-me
Eu sou uma pobre coitada, eu sei, tu não virás salvar-me...
Bianca Noite
Começo de novo o rumo de sempre
Aquele que sempre começo e nunca acabo
Aquele que volto atrás porque acho que não consigo
Aquele cheio de hesitações, de preguiça
Acomodações!
Mas hoje quero ser melhor,
Mesmo que já seja noite, quero tentar
Não quero ceder ao faço amanha, não hoje
Hoje... que palavra abrangente, hoje não
Agora, Neste momento, neste preciso milésimo de segundo!
Que seja inverno, que chova, que neve,
Que venha a maior tempestade, o maior vendaval
Estou farta de nadar na minha própria miséria.
Não tento porque posso falhar... pobre idiota
Morte a essa saga! A esses pensamentos medíocres!
Neste momento largo este cadáver de cobardia
Porque ter medo de viver, de arriscar, de perder
Não só nos priva do que é bom, como ainda
Nos consome por dentro.
Que tudo isso desapareça, e que dê lugar a mim.
Bianca Noite
E cá me envolvo de novo no meu ser
Na minha felicidade excessiva,
Mais real que qualquer outra, mas sem amor,
Porque ainda não sei bem que fazer,
Mas certa estou de que voltei a mim,
Embora ainda não me tenha livrado do teu calor,
Mas sei que isso terá, um dia, fim.
Hoje é dia de sorrir, sorrir como nunca
Sorrir assim simplesmente, por razão nenhuma
Rir-me para a sorte que não me sorriu,
Rir-me para a vida que sempre me acarinhou
Rir-me de tudo o que me partiu
Rir-me de mim, porque ainda não passou.
Mas sei que rir-me-ei com gosto
Porque não há razões para chorar
Sopra o vento
E deixarei o sol raiar...
Bianca Noite
Se um dia te escrevesse uma carta,
Descreveria cada momento contigo
Cada lágrima, cada sorriso
Cada momento perdido...
Se um dia te escrevesse uma carta,
Lembrar-te-ia quando me dizias,
Que farias tudo por mim,
Lembrar-te-ia dos momentos no jardim
Os risos de criança perdidos...
Se um dia te escrevesse uma carta,
Sunsurrar-te-ia cada beijo, cada emoção
Cada toque... o quão viva estava,
Perder-me-ia em mil e uma palavras...
Se um dia te escrevesse uma carta,
Perguntar-te-ia porquê,
Sem querer ouvir novamente a resposta,
( Como em todos os momentos,
Em que a vida nos parece injusta)
Se um dia te escrevesse uma carta,
Alegaria que nunca sentis-te nada disto
Por muito que os teus olhos me contrariassem,
Por muito que os momentos o corroburassem...
Se um dia te escrevesse uma carta,
Descreveria todos os momentos
Em que desejo que voltes atrás
Que peças desculpas e que me tomes nos braços
Se um dia te escrevesse uma carta,
Questionar-te-ia porque não lutas-te por tudo
Porque me tentas-te proteger de ti
Se no fim, tenho na alma o sofrimento do mundo...
Se um dia te escrevesse uma carta,
Chamar-te-ia cobarde, faria birra de criança
Porque não me conformo com a tua ideia
De tentares evitar maguar-me asério...
Se no fim, pior não porderias ter feito
Se um dia te escrevesse uma carta,
Depois de me compor do desespero
Pedir-te-ia desculpas,
Que talvez soubesses o que fazias,
Que talvez tivesses razão
Se um dia te escrevesse uma carta,
Compartilharia o sentimento,
De perferir ser tua amiga para sempre
Do que um dia odiar-te
Se um dia te escrevesse uma carta,
Desculpar-me-ia no fim,
Por todas as palavras e pela peturbação.
Que talvez te podessem ter causado...
Se um dia te escrevesse uma carta,
Dir-te-ia, finalmente, que te amo,
E que independentemente de um dia
Deixar de o fazer da mesma forma,
Jamais me hei de arrepender do que vivemos
E terás sempre um lugar doce nas lembranças...
Se um dia te escrevesse uma carta,
Provavelmente seria o fim da minha esperança,
Escrever-te-ia uma carta de despidida, não de amor,
Já num momento muito pralá da dor...
Mas ainda não sou capaz de escrever essa carta,
Porque te amo, e espero que o tempo volte atrás.
Mas choro pela certeza de que jamais o fará.
Desespero quando me conformo,
E por vezes, no meio de tanto sofrimento
Sinto-me a descair para a insanidade...
Mas também, não sou capaz de te escrever essa carta,
Porque sei o quão culpado te sentirias,
Temo também, que para que todo o meu sofrimento acabasse,
Tomasses uma decisão precipitada,
E me fizesses a vontade por culpa
Mas por tanto te amar, não posso permitir que isso aconteça,
Porque apenas te quero ver feliz....
E assim essa carta nunca será escrita,
Porque a tua felicidade também é importante,
E tenho que respeitar a tua decisão,
Independetemente do quão apertado esteja o meu coração...
Bianca Noite
Sinto-me sofucada,
Tantas palavras que me querem sair
Tantas, e não sai nada...
Queria dizer-te tanta coisa,
O quanto te amo, quando não estás
O quanto te desejo, quando não me tocas
O quanto quero voltar, quando te deixo para trás
E nada digo
Nem mesmo o quanto gosto que me olhes,
O quanto gosto que me toques,
O quanto gosto que me beijes...
E como me perco no teu abraço...
E quando te encostas no meu regaço...
Tantas palavras não ditas
Tantas escondidas
Por detrás de um sorriso
O verdadeiro paraíso...
Bianca Noite
Encontro-me sem saber para onde olhar,
Sabendo de antemão que tenho de lutar
O pior é que nem sei contra quê....
A minha determinação, espada leal
Desfaz-se na minha mão,
A minha segurança, escudo colosal
É levada pelo vento
E tu feres-me letalmente o coração
Cegamente...
Sinto-me impotente contra o mundo
E sento-me e faço a maior birra
Quero-te aqui, por um pouco
Que me abraces e leves para longe
Longe da tormenta que me consome
Que me consome não, que me devora
Que rasga tudo o que é pele e osso
Porque me recuso a voltar ao fundo do poço
E tu estás ai... porque olhas para longe? Eu estou aqui!
Estou a teu lado e vejo-te tão distante
Com mil e uma preocupações, e eu, apenas olho para ti...
Sempre há espera do meu momento, um instante
Rezando para que me voltes a ver
Porque, para esse outro mundo, não te quero perder...
Bianca Noite
Cá me encontro outra vez, no mais puro alvorouço Porquê? Sei lá! Apenas sei, que não sei, que não quero E recuso-me a fazer algo que me obrigue a algum esforço Porquê? Sei lá!Apenas não sei o que deveria querer e espero... E se me perder por ai? Se me perder, perco-me contigo Mas também não sei! Não estás aqui! E de toda esta tormenta, acabas sendo meu abrigo. Mas volto a não saber! Queria-te aqui... Que maldito tormento este, Que maldito destino agreste, Que sopro maldito, Mas quero-te tão perto! E por fim, sei que te amo E no meu sonho, te espero. Com o vento arrastando os meus longos caracóis castanhos Com meu vestido branco dançando ao vento Comigo, olhando o Horizonte Olhos postos nos meus sonhos... Apenas te querendo aqui, por perto... E tu, que não me encontras, apenas ouves o vento sunsurrar, amo-te.
Bianca Noite
Um momento que voa...
Mais um que ai vem,
Apenas a distância me magoa
Essa maldita sabotadora
Que me inspira também...
Mas tu, anjo que tanto me inspiras
Que entras nas minhas sinfonias
Que pairas no meu pensamento
Que com um beijo me tiras
Os tormentos, dando-me alento
Mereces mais que esta pobre mendiga
Esta criança que chora por dores de barriga
Que é o puro exagero ,o puro tudo nada,
Mas no entanto, não deixas de me fazer sentir amada...
E digo-te mais, sou grande sortuda
Dos teus azares, já não sei se sou culpada
Se não me der de todo, darei parte,
Pois por tudo isso quero compensar-te
Serei para ti, sempre eu, sempre única
E caso te vir a perder
( O que espero não acontecer nunca)
Quero poder lembrar e ver
Que te sentis-te o maior sortudo
Por, um dia, teres feito parte do meu mundo...
Bianca Noite
Hoje, por um simples momento Sou bem mais que isto Não sei bem porquê, (Eu não, talvez outro eu saiba) Hoje não danço não, Não ando aos saltos sem razão, Não tenho raiva, não grito... Nada sou, mas acredito Acredito que sou mais, bem mais Mais que loucuras fenumenais... Mais que exterismos... Estou calma... tão calma... Porque quero estar calma, (Pois noutro caso não o estaria) Sei que amanha vou ser diferente Amanhã... amanhã é outro dia! E eu sou tudo menos estável... Amanhã serei coisa aparente Porque ser ser, não o sei Mas não me interessa que farei Serei simplesmente o que for Mesmo que isso me lembre dor... Oh de mim que segurança não tenho Hoje acredito, hoje sou Amanhã não sei, serei outro desenho