Sara Oriana
Hoje Não quero saber, simplesmente
Estou Feliz, estou feliz porque percebi
Finalmente, Que não quero saber
Estou farta de tudo o que sinto e senti
Do que vejo e do que não vejo
Hoje estou feliz, porque percebi
Percebi que enquanto existir um sorriso
Terei certamente tudo o que preciso
Um coração quente porque sorri
Outro porque alguém lhe sorriu
Estou farta de lamentar as minhas desgraças
e de me esquecer de todas as outras coisas
Haverá sempre maus pedaços, e confusões
Haverá sempre más pessoas e corrupções
Mas também haverá boas pessoas e amores
E vidas e ajuda e abraços beijos e flores
Haverá sempre trabalho acabado e por fazer
Por isso, desculpem, mas não quero saber
Ajudarei quem poder ajudar irei sorrir
Irei dar o que tenho de melhor, por isso
Deixem-me sonhar viver e rir
Hoje não me preocuparei mais
Com problemas com solução...
Sara Oriana
E eu gostaria de celebrar o meu retorno
A minha magnanimidade absoluta
A minha vitória o meu renascimento
O fim desta terrível luta
E sonho, volto a sonhar
Anseio, voltei a ansiar
Temo, temo muito
Mas quero o absoluto
E vôo para longe do negro,
Para longe das sombras do ermo
Vôo para não voltar
Agora, aventuro-me
Uma aventura em que eu sou una
E em que amo tudo o que me rodeia
Estou livre, estou nua
Livre da minha própria teia
Sou somente eu, finalmente
E espero ficar assim para sempre
Sara Oriana
Amo-te tanto, E sei também que não devia
Não devia amar-te assim, não devia perdoar-te assim
Não devia pensar sequer em ti, relembrar-te muito menos
Mas assombra-me tudo isso que eu queria
Estou perdida, sinto-me sem vontade e sem fim
Nem pensas em mim, e tu até estás nos meus sonhos...
A raiva que me jorra no peito, não é mais que mágoa
Revolta porque me iludis-te até ao fundo, até ao ermo
Tenho-me a mim, a minha mísera vida, e mais nada
Sou a pobre coitada porque me tomas, isso mesmo
Sim sou isso, arrogante e insegura, até ao âmago
O fel que se instalou na minha garganta não mente
Sou perversa, louca, mas humana, e demasiado crente
Terei que pagar por querer na minha vida um pouco de luz?
E vou pagando, como pago, pago com sangue, carne e osso
Que mais tenho eu para além disso? A beleza do mundo que me seduz?
Pago também, deixando de a ver, Tudo isto é demasiado precioso
Para mim, pelo menos para mim. E desafio, o resto
Será por isso? Com certeza, com certeza que nem presto.
E nem sei, pobre de mim, sou cega
E continuo a amar-te, amar-te cegamente
Nem quero ir, nem penso que já chega
Apenas sonho ter-te para sempre
Que voltes, amando-me, como talvez nunca o tenhas feito
Salvando-me desta dor que me consome, um acaso perfeito
Mas nada, continuo a pagar com o que sou por ti
Amando-te demais para suportar não te odiar
E espero, como uma devota, ansiosa, aqui
Sei que não virás, isto mata-me, sou louca por aqui continuar.
Mas temo a ideia de não te voltar a tocar
Quando ela me alcança, berro, enlouqueço, arranho-me, mato-me
Eu sou uma pobre coitada, eu sei, tu não virás salvar-me...
Sara Oriana
Sou um mar de lágrimas por chorar,
Água estagnada que não tem por onde escoar,
Sou agua fétida, podre, corrompida
E nada me pode voltar a purificar
Pois há muito que fiquei na sombra perdida
Amo a luz desejo-a, faço tudo por ela
Mas no fundo não a tenho, apenas sonho tela
Afasto-me tanto do que sou, só para essa doçura provar
Que quando volto a mim, dói-me ainda mais perde-la
E de mim, não há nada que me possa salvar
Perdi-me, fugindo da minha apaixonada loucura
Mas é isto que sou, uma paixão sem cura
Amo de tal forma amar, que me esqueço do que sou
Sou a irritante chuva de um dia de verão,
Rego as plantas, acaricio tudo em que toco com devoção
Mas por muito amor ao mundo, todo ele me desprezou
Sara Oriana
O azar está na minha cabeça,
Transformarei a caca de pombo em flores,
As quedas em movimentos de graça,
A chuva no futuro a esperança.
E rir-me-ei de todas estas dores
Preocupo-me demais, eu sei,
Sou feliz mesmo com tudo errado
Coisas estas que nunca imaginei
Mas agora olham-me porque amei
E não me arrependo de ter amado
Sonhos, pequenos pássaros que nos cantam
E com o seu cantar choroso nos encantam
Mas nada sou para julgar, nada sou para calar
Eu adoro-os, choro-os, agarro-os, eles levam-me
No seu canto já premeditado, já fadado, elevam-me
E sabendo tudo isso, jamais os deixarei de amar
Sara Oriana
Perco-me mas acho-me no meio destes estilhaços
Descubro-me, Cresço, Aprendo, Acarinho-me
E Quero tornar tudo isto produtivo, apanhando os bocados
Aprendendo realmente a amar-me
Dos pedaços faço uma obra de arte
Eu mesma, com um coração bem maior
E de tudo faço para abrir a minha mente
Acarinho e recupero o meu interior
Sei que vai custar, que vai demorar
Mas Deus é grande e em tudo nos traz uma lição
Nem que isso seja, curar um partido coração
Sara Oriana
Meu deus... já nem sei se falo verdade ou mentira
Se apenas me quero agarrar ás recordações
Para não amar no futuro, para permanecer partida
E cada passo me é mais pesado, como se carrega-se o mundo...
E tudo por medo, medo de desilusões,
Ou do destino me levar a perder isso tudo...
Mas quanto mais eu quero as coisas,
Estranhas elas me parecem, porque são tudo o que queria
E nada do que pedi...
Mas apenas acontecem em momentos errados...
E aquilo que mais me sorria
Torna-se a maior dor que já senti...
Eu não queria nada, não queria nada,
Mas agora que tenho, ainda me sinto mais perdida
E agora tenho alguém que não pedi
E sentimentos passados vão se apagando...
Mas no entanto, o meu coraçaõ ainda não cedi,
E o destino, agarrou.me outra vez, e se ceder, perderei tudo...
E tu quando me consolavas dizias, há coisas que não são para ser
E pelo vistos, és mais uma, e por isso acabarei por te perder...
Sara Oriana
Brisa que me tocas de leve Leva daqui a minha mágoa Tras-me a paz que nunca tive Faz transbordar lágrimas desta lagoa Tira este sufoco de mim Põe a este tormento um fim E vira esta página da minha vida Da mesma forma que o fazes com o meu caderno Não quero mais estar perdida Quero um sonho doce e ameno Levemente, Suavemente Leva-me e não me tragas de volta Tu que és tão suave Tira-me simplesmente daqui Liberta-me desta saudade Mas no fim acabo sempre por pensar em ti E este sonho perdido Não me liberta, não me deixa Culpa da brisa que se desleixa E na docura de um sonho Perco-me a mim, perco-te a ti Porque a realidade é bem diferente Porque a realidade é aquilo que sinto e já senti Em eu choro e grito, num mundo inexistente Mas aqui, apenas te observo Cada vez mais distante E no meu caderno assim o descrevo Este amor tão desgastante...