Bianca Noite
O meu coração é como um deserto
Seco e quente, vazio
É isso que sinto verdadeiramente nada
Mas nada de bom nem nada de mau
Estou cansada de tanto sentir
Que tudo secou tudo morreu
Eu dei-to sabes? O meu coração
E tu deixas-te-o secar e morrer
Como foste capaz? Porquê?Porquê?!...
Tu nunca me deste o teu... fingias só que davas
Ou que ias dar, ou talvez nunca tenhas fingido
E eu é que acreditei em palavras vagas
Ou crenças por mim fabricadas
E entre as cinzas do meu deserto
Enquanto deambulo por ali adiante
Pergunto-me onde errei... onde e porquê?
Nunca me amas-te? nunca me quiseste?
Tanto tempo, e porquê?
E lembro-me de tempos em que por mim tudo farias
E lembro-me das brincadeiras e das loucuras
E morro, morro mais um bocadinho
Bianca Noite
Rancor é pouco para descrever isto
Raiva é talvez aquilo que mais sinto
Mas não sei bem do quê nem de quem
Não sei se é de mim por te deixar andar
Não sei se é de ti por pouco te importar
Não sei se é do destino que me levou a ti
Não sei se é de mim que me menti
E depois de acordar de todas as ilusões
O mundo parece-me estranho mas familiar
O pior é que nunca ouve nem há discussões
Porque o que mais queria era gritar
Gritar porque sim, gritar sem razão
Até deixar de sentir esta agonia e esta desilusão
Bianca Noite
Gostava de poder descrever o que sinto
Mas tudo é tanto e muito mais
Parece que não tenho nenhum sentimento
Mas há uma agonia que me toma o peito
Leve como uma brisa, mas constante
Não lhe sei o nome, nem de onde vem
E faltam-me as palavras para este tormento
Talvez seja o que chamam saudade
Talvez seja o que chamam de sentimento
Talvez seja somente o tentar sentir
Tal vez seja eu a tentar estar pior que estou
Ou talvez estou tão no chão e tão habituada
Que nem sei que estou no chão,
E nem me lembro o que é andar.