Bianca Noite
A nossa vida tem destes pequenos detalhes,
Os detalhes simples de existir, de viver
Percamos as horas os minutos, os segundos
Que o mundo nos fuja das mãos, Te-los-emos sempre
Aquela pedrinha bonita no chão,
O vento que nos passa pelos cabelos
Os detalhes da mais pequena existencia...
Depois chegam-nos outros detalhes, detalhes de pessoas
Pequenos gestos e caricias, um piscar de olho,
Uma caracteristica chamativa, uma marca de diferença
Lembranças que causam saudade, outras descrença
Ou aquela pessoa estranha, e no banco aquele velho
A folha que cai, um olhar que nos sobressai, uma pessoa brilhante
E assim apareces tu, em mim, inundando-me a mente...
Mil e um detalhes por decorar, mil e uma maneiras para estudar
E lá estás tu também a olhar-me...
E ai pergunto-me que te estará a passar pela cabeça...
Se me estudas da mesma forma, ou apenas admiras algo que nem eu vejo...
E nessa duvida fico analisando, pensando, existindo...
Quando dou por mim, passou todo o tempo do mundo,
Mas nada foi perdido, tudo ganho, mais uma espressão, mais um olhar
E me perco outra vez neste doce amar...
Bianca Noite
Neste momento descrevo o inexplicável,
Sinceramente não sei que escrevo mesmo,
Sei que é sobre mim, que é sobre ti
Mas há coisas, demasiado grandes e pequenas
Demasiado avassaladoras para as descrever assim...
E nós, somos assim, grandes e pequenos,
Demasiado grandes e pequenos, demasiado para o mundo
Tu com os teus batuques, eu com o meu silencio
Somos cada dia e cada noite, o sol, a lua
Somos a luz e a bruma
Somos tudo aquilo que o outro não é
E lutar por tudo isto, não é sacrifício, é a plenitude
É lutar por aquilo que vale a pena, é tudo o que o mundo quer
E nós temo-lo
A distancia que nos tente afastar
O mundo que nos separe
O destino que de tudo nos impeça
Estaremos sempre juntos,
Se não física, psicologicamente,
E a sorte que nos tente!
Não há nada que quebre duas mentes plenas
Nada que seja tão difícil de danificar,
Como nós, e as nossas crenças!
Bianca Noite
Não estou livre, nunca o estive
E a minha prisão, sou eu mesma
As minhas barreiras indestrutiveis
O quanto afasto quem me quer,
O medo de tudo perder...
E acabam por não me defender de nada
Barreiras que apenas me afastam do mundo
Vivendo apenas uma época passada...
Eu quero de volta a minha liberdade!
A minha dignidade!
O meu eu!
A coragem parece ter-me abandonado,
Porque achei que o medo me protegia
Mas saio tudo errado,
Que gingantesca ironia...
Não fui feita para parvoices, fui feita para lutar
E estou aqui a chorar angustias que já nem existem
Tenho sempre medo... E mais momentos se perdem
Mas onde esta a guerreira que um dia fui?
Aqui... finalmente recomposta
Depois de muitas batalhas perdidas
De grandes feridas reabertas
Estou aqui.
Perdi quase todas, mas tentei
E porque tentei, continuarei a tentar
E vou conseguir.
Hoje quebrar-se-ão barreiras
Hoje serei corajosa, e como hoje sempre
Sou para sempre uma das mais temiveis guerreiras!
Bianca Noite
Meu deus... já nem sei se falo verdade ou mentira
Se apenas me quero agarrar ás recordações
Para não amar no futuro, para permanecer partida
E cada passo me é mais pesado, como se carrega-se o mundo...
E tudo por medo, medo de desilusões,
Ou do destino me levar a perder isso tudo...
Mas quanto mais eu quero as coisas,
Estranhas elas me parecem, porque são tudo o que queria
E nada do que pedi...
Mas apenas acontecem em momentos errados...
E aquilo que mais me sorria
Torna-se a maior dor que já senti...
Eu não queria nada, não queria nada,
Mas agora que tenho, ainda me sinto mais perdida
E agora tenho alguém que não pedi
E sentimentos passados vão se apagando...
Mas no entanto, o meu coraçaõ ainda não cedi,
E o destino, agarrou.me outra vez, e se ceder, perderei tudo...
E tu quando me consolavas dizias, há coisas que não são para ser
E pelo vistos, és mais uma, e por isso acabarei por te perder...
Bianca Noite
Caminho... Caminho... Caminho...
Num mar de branco! De nada!
Quero de volta o teu carinho
Quero voltar a ser, por ti, amada
Mas o vento te levou...
E sei que não há volta
E por isso estou quase morta...
Quero tanto chorar... Enterrar-me... Morrer
Mas não o quero mesmo... quero voltar a sorrir
E no momento em que sei que tudo foi
Mais me sinto desvanecer...
Sinto-me cair...
E quero voltar a subir o poço
Mas sem ao fundo ter chegado
Quero ser mais que um esboço
Quero a cor do meu lado
Mas nada está ali, sou eu sozinha
Eu... e tão pequenina...
Já não existes, eu sei, já não existes na minha vida
Mas quero que te vás embora de dentro de mim também
Não me quero mais sentir perdida!
Por favor, vai-te por fim...
Bianca Noite
É difícil acordar de tamanho pesadelo,
Acordei, mas sem coração, desapareceu de meu peito
Arranquei-o sem querer... eu apenas queria esquece-lo
E agora, agora não estou bem nem mal, existo...
A minha existência não é difícil, sou una
Mas, mesmo assim, o vazio não me abandona
É como um capataz que me quer tirar o que não tenho,
Estou tão viva, mas já não sonho...
Tornei-me mais céptica, cresci, mas não queria
Já não sou nem guerreira nem princesa nem sereia
Sou apenas mais uma que existe,
Mas uma que nesta vida insiste...
Estou aqui, bem aqui, mas do néctar doce já não provarei
Porque deixou de existir, para mim
A esperança foi-se, com meus sonhos
Deixar-me-ei ir
Na minha corrente, assim
Descansando, por fim...
Bianca Noite
E cá me envolvo de novo no meu ser
Na minha felicidade excessiva,
Mais real que qualquer outra, mas sem amor,
Porque ainda não sei bem que fazer,
Mas certa estou de que voltei a mim,
Embora ainda não me tenha livrado do teu calor,
Mas sei que isso terá, um dia, fim.
Hoje é dia de sorrir, sorrir como nunca
Sorrir assim simplesmente, por razão nenhuma
Rir-me para a sorte que não me sorriu,
Rir-me para a vida que sempre me acarinhou
Rir-me de tudo o que me partiu
Rir-me de mim, porque ainda não passou.
Mas sei que rir-me-ei com gosto
Porque não há razões para chorar
Sopra o vento
E deixarei o sol raiar...